Por que está tudo tão caro?

Economia para não economistas!

Primeiro: a regra básica da economia.

Para entender melhor como a economia funciona, primeiro é necessário entender a regra mais básica: a regra da oferta e da demanda. É muito simples: se houver uma grande demanda por um produto e pouca oferta (muita gente querendo e pouca disponibilidade), os preços devem ser maiores. Um exemplo disso seria uma Ferrari. Do contrário, se houver pouca gente querendo algo e uma grande oferta, os preços devem ser menores, como ocorre com uma garrafa de água, por exemplo.


Quando a quantidade oferecida é igual à quantidade demandada atinge-se o ponto de equilíbrio. Os mercados tendem a naturalmente buscar esse ponto. No ano passado, tivemos um fenômeno interessante: com a diminuição da demanda por petróleo, os preços chegaram a ficar negativos e, sem ter onde estocar o produto, muitos investidores preferiram pagar para devolver os barris comprados.

 


Fonte: dicionariofinanceiro.com


Por que a inflação está alta no Brasil?

A inflação é o que acontece em decorrência do aumento na quantidade de dinheiro e de crédito criado, sendo que a principal e mais visível consequência é o aumento dos preços (essa definição já explica muita coisa, né?). A inflação é um fenômeno monetário, em consequência da impressão de dinheiro (expansão monetária) pelo Banco Central, em decorrência das políticas monetárias do governo. 


Então, já dá pra deduzir por que os preços aumentaram tanto: para conter os efeitos da pandemia, foi aumentado o crédito para as empresas, tivemos o auxílio emergencial e muitas outras medidas de socorro à população. É importante ressaltar que isso não significa que as medidas foram ruins, mas é necessário levar em consideração suas consequências.


Os números de impressão de dinheiro desde o início da pandemia são enormes: foram impressos 40% de todo o estoque de reais criado desde o Plano Real em 1994. O aumento da moeda (oferta) não acompanhado de um aumento de demanda, é um dos principais motivos da inflação (perda de valor da moeda e de compra). 


Diminuir a taxa Selic foi a ferramenta que o governo utilizou para aumentar o acesso ao crédito e tentar estimular artificialmente a economia, a fim de equilibrar a demanda em um momento de recessão e expansão monetária. Lembrando que a taxa Selic é a taxa de juros nominal. Há também a taxa real, que desconsidera a inflação e dá uma noção mais clara sobre o rendimento dos investimentos.


Além da elevada inflação, a grande quantidade de impostos sobre o consumo também acaba fazendo com que os produtos sejam mais caros do que em outros países. Cerca de 40% do valor final de um produto industrializado vai para o governo, enquanto nos Estados Unidos e China o valor é a metade (20%). 


Todos esses fatores corroboram para elevar um dos indicadores mais importantes que mede a inflação, que é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Por meio do IPCA, são calculadas as variações de preços de itens da cesta básica dos brasileiros e de serviços essenciais. À medida que o índice sobe, a inflação sobe também.


Por que o dólar estava caro?

O dólar é considerado uma moeda de referência para diversos países, devido à força da economia norte-americana. Isso significa que, em cenários de incerteza, como o que estamos vivendo desde o início da pandemia, muitos investidores acabam buscando alternativas consideradas mais seguras, e aí, cresce a demanda por dólar. 


Com a diminuição de demanda por real e outras moedas, a oferta também acaba sendo maior e os preços diminuem. Em 2020, o dólar bateu o recorde de R$5,87.


Ok, mas isso ainda não explica por que o real foi a moeda que mais desvalorizou em 2020.

Outros fatores contribuem para a desvalorização da nossa moeda, como a preocupação sobre o compromisso fiscal de que o Brasil conseguirá pagar a dívida gerada, a expectativa das reformas, os juros baixos associados a uma economia estagnada, desentendimentos políticos, etc.

 

Fonte: g1.com.br


Quando o dólar vai baixar?

Infelizmente, ainda não temos bola de cristal. De qualquer forma, economistas projetam que ele chegue à faixa de R$5 até o final do ano, mas isso irá depender de diversos fatores como as reformas, a vacinação, a economia mundial e a retomada do PIB. No último tópico falamos um pouco mais sobre esses ítens.

De qualquer modo, com as boas projeções do PIB, que superou as expectativas e cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021, o dólar chegou a R$ 5,146, que é o menor valor desde dezembro.

 

Fonte: G1.com.br

 

Em resumo: por que está tudo tão caro?

Como falamos, o primeiro fator é a alta da inflação em decorrência da maior disponibilidade de dinheiro. O segundo valor é a alta do dólar, que faz com que seja mais interessante para os produtores exportarem suas commodities a venderem no país. Por isso, produtos como soja e arroz acabam tendo sua oferta diminuída. Existem outros fatores particulares de cada produto como a carga tributária, demanda crescente de outros países como a China, por exemplo, etc. Mas, no momento, podemos elencar esses dois como fundamentais.

Quais as perspectivas econômicas para o Brasil?

A verdade é que o mercado funciona à base de expectativas e o momento é de muita incerteza. As previsões econômicas em fevereiro de 2021 apontavam para um crescimento do PIB de 3,5% em 2021 e 2,5% em 2022, e de inflação de 3,4% para os próximos dois anos. Estimava-se que a Selic fechasse 2021 em 3% e crescesse para 4,5% no ano seguinte. Porém, a evolução da economia depende da evolução da pandemia. Quanto tempo demorará para que a população seja vacinada? Teremos uma terceira onda? Os próximos capítulos dessa novela dependem, principalmente, desses fatores. 


De qualquer modo, a recuperação tende a ser desigual pelos setores. Já estamos vendo um aumento nos empregos, o que é positivo, mas ainda deveremos ter em 2022 um PIB per capta abaixo da crise de 2015 e 2016.


A taxa Selic já subiu um pouco (está atualmente em 3,35% ao ano) para conter a inflação, o que pode trazer mais investimentos para cá, já que em outros países os juros continuam negativos. A perspectiva é que até o fim do ano ela esteja em 4%. Lembrando que o aumento ou diminuição da Selic é bom para quem investe (inclusive, aqui na Uniprime, seus investimentos passam a render mais), mas não é tão bom assim para quem empresta dinheiro. Deste modo, a contrapartida é que juros mais altos podem diminuir o crédito e o consumo. 


Além do aumento da Selic, o aumento da demanda mundial por grãos e minérios, o aumento de investimentos externos que estão vindo para cá, e a grande quantidade de dinheiro que foi guardada na poupança no ano passado podem fazer com que o real volte a se valorizar e o dólar fique mais barato, o que terá consequências também para os preços dos produtos, como já explicamos aqui.


Além dos desdobramentos da pandemia, para uma boa retomada econômica, é importante que o Brasil mostre que possui um compromisso fiscal com a dívida e, por isso, a aprovação das reformas administrativa e tributária também são muito importantes, pois vão ajudar na construção de um sentimento de segurança, para que investidores externos coloquem seus recursos aqui. De qualquer forma, podemos ser otimistas para acreditar que o pior já passou.


Lembre que estamos juntos para o que você precisar! Fale com seu gerente e não fique na mão!


Referências:


https://www.investificar.com.br/por-que-o-dolar-esta-subindo-tanto-em-2020/

https://tecnoblog.net/52271/custo-brasil-por-que-tudo-no-brasil-e-tao-caro/#:~:text=Tudo%20aqui%20custa%20muito%20mais,empresas%20investirem%20em%20nosso%20pa%C3%ADs.

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2020/09/09/arroz-e-oleo-mais-caros-entenda-por-que-a-inflacao-dos-alimentos-disparou-no-pais.ghtml

https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2020/10/por-que-o-real-e-moeda-que-mais-desvalorizou-em-2020-e-que-impacto-isso-tem-na-vida-de-quem-nao-compra-dolar.html

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/05/07/dolar-vai-continuar-caindo-em-relacao-ao-dolar.htm

https://www.infomoney.com.br/guias/ipca

https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2021/06/01/fechamento-dolar-ibovespa-1-junho.htm?cmpid=copiaecola

 

Outros artigos